Semente
Doce de abóbora
Filha de ventre
insubmisso
nasci em terra estranha
e a fertilizei
com sangue
de meus ancestrais.
Enterrado aqui meu umbigo este chão se fez
minha casa também.
Escarafunchei as entranhas desta terra
suas águas
seus mistérios mais íntimos como se fosse o solo que de verdade me pariu.
Aqui brotei, lancei raízes
no mais fundo deste solo. Finquei os pés
e me ergui
como se estivesse
no meu lugar primeiro
Feito antigo embondeiro
vi da pele
verter a seiva
da flor, o odor
do fruto, a semente
que outra vez rebenta
e retorna ao lugar de origem.
Poema de Neide Almeida, in Nós 20 poemas e uma oferenda.