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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

O Amor

03
Mai21

 

 
O meu amor tem lábios de silêncio
e mãos de bailarina
e voa como o vento
e abraça-me onde a solidão termina
 
O meu amor tem trinta mil cavalos
a galopar no peito
e um sorriso só dela
que nasce quando a seu lado eu me deito
 
O meu amor ensinou-me a chegar
sedento de ternura
sarou as minhas feridas
e pôs-me a salvo para além da loucura
 
O meu amor ensinou-me a partir
nalguma noite triste
mas antes, ensinou-me
a não esquecer que o meu amor existe
 
 
 
Poema de Jorge Palma

Mães refugiadas

02
Mai21

Para muitas mães, o simples acto de ser mãe exige muito mais do que parir, dar colo, carinho, comida, amor, roupa e cama lavada. É para além disso tudo, uma enorme vontade e espírito de resiliência, que se distancia de um simples lugar de estacionamento em frente a uma escola para deixar o filho, onde não há a pressa em escolher a indumentária do dia, ou a preocupação de qual o legume favorito. Não é apenas uma luta por viver, mas também de sobreviver à crueldade do local, à guerra, às alterações climáticas, à violência, na procura incessante de uma vida mais digna. Ou mesmo entre a vida e a morte. Uma mulher nestas condições não vive apenas o seu sofrimento, mas o de todos os seus filhos, como se fossem um ser único.

 

Amã/Nova Iorque, 15 de março de 2020 – Cerca de 4,8 milhões de crianças nasceram na Síria desde o início do conflito, nove anos atrás. Outros 1 milhão nasceram como refugiadas nos países vizinhos. Elas continuam a enfrentar as consequências devastadoras de uma guerra brutal. 

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© ACNUR/Rocco Nuri

Christine morava no Sudão do Sul e, mesmo grávida, precisou fugir depois que sua cidade sofreu ataques violentos. Por três dias, caminhou com seus dois filhos sem água ou comida. A pequena Anwech veio ao mundo dois dias depois de finalmente chegarem a Uganda. 

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© ACNUR/Viktor Pesenti

Annabel deixou a Venezuela quando a comunidade onde vivia foi atacada por forças armadas. Ela e os filhos fugiram durante a noite levando apenas alguns pertences. Eles tiveram que escalar montanhas rochosas até chegar ao Brasil. Annabel estava grávida de três meses durante essa difícil jornada. 

 

 

Mulher Maio

01
Mai21

mulher maio.jpg

Ilustração  Iker Ayestaran

 

 
Bom dia minha amiga digo em Maio
és uma rosa à beira dum tractor
neste campo de Abril onde não caio
a nossa sementeira já deu flor.
 
Bom dia minha amiga eu sou um gaio
um pássaro liberto pela dor
tu és a Companheira donde saio
mais limpo de mim próprio mais amor.
 
Bom dia meu amor estamos primeiro
neste tempo de Maio a tempo inteiro
contra o o tempo do ódio e do terror.
 
Se tu és camponesa eu sou mineiro.
Se carregas no ventre um pioneiro
dentro de ti eu fui trabalhador.
 
 
 
Poema de José Ary dos Santos
 
 
 

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