O rio é um tesouro
A menina chegou perto do Rio e viu que ele parecia um tesouro. A luz do Sol fazia brilhar a água tal como brilham as pedras preciosas. E disse em voz alta:
- O Rio parece um tesouro!
E a gaivota que por ali andava ouviu-a e disse numa voz estridente de gaivota dos mares:
- É verdade, o Rio é um tesouro escondido à vista de toda a gente!
A menina assustou-se com aquela voz, e levou algum tempo a perceber quem tinha falado. Depois ficou admirada, porque as gaivotas não falam, mas a gaivota dos mares esclareceu-a:
- Só compreende a minha voz quem tem a capacidade de descobrir tesouros, tu és uma dessas pessoas, apenas tu ouves as minhas palavras, os outros ouvem os meus guinchos, faz que me dás de comer e eu revelo-te o tesouro que está escondido nestas águas que vês à tua frente.
A menina assim fez, e ali na muralha, com o cheiro da maresia no ar a gaivota lhe contou:
- Sabes que o Rio serve de estrada? Quando as pessoas querem chegar à outra margem usam os barcos como meio de transporte, mas também os usam para ganharem o seu salário e sustentarem a sua família. O Rio é a casa de muita gente, aqui vivem: golfinhos, polvos e muitas espécies de peixe, alguns deles vêm do Oceano para desovar aqui. Desovar quer dizer: deixar aqui os seus peixes bebés, tal como numa maternidade onde estão os bebés humanos. Esses peixes pequeninos crescem nas pradarias marinhas, junto dos cavalos marinhos e de moluscos. As pradarias marinhas protegem esses peixinhos, dando-lhes abrigo das correntes e de outros peixes maiores e até dos humanos, para que depois eles cresçam e um dia voltem aqui para deixarem cá os seus filhos. E o Rio também tem estrelas, estrelas que se mexem e andam pela areia do fundo do rio, algumas são coloridas e há também ouriços que têm muitos picos fininhos. E há algas fortes e escorregadias que parecem que dançam ao som da corrente marítima. São nessas correntes marítimas que os peixes aproveitam para nadar em alta velocidade. Como se fosse uma estrada feita de mar. Eu às vezes espreito para dentro de água, mas o que mais gosto é perseguir um barco cheio de peixe, ou então nas horas de lazer fazer voos rasantes nas ondas. Durmo em cima de uma rocha quando está mau tempo e bóio tranquilamente quando as águas andam calmas. Como podes ver o Rio é mesmo um tesouro. É um tesouro de vida.
Este texto é dedicado às filhas da Joana e a todos vocês que me ajudaram a alcançar a outra margem e a manter-me à tona sempre que o Rio estava mais agitado e a travessia parecia não ter fim. Obrigada por me terem acompanhado, pelas vossas palavras, pela escuta, pelos exemplos, pela vossa escrita, pela informação, pela motivação, pela diversidade que há em cada blog. Os amigos também são um Tesouro, sejam eles virtuais ou não. Um Abraço Gigante.