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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Diário dos meus pensamentos (40)

28
Abr20

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Ilustração Kianoush Ramezani

 

Depois destes dias as minhas escolhas serão mais fáceis de fazer. A compreensão não será tão benévola, nem as desculpas serão opções que vão ser tidas em conta. É um antes e um depois. 

 

De facto. Quando é meio dia nos Estados Unidos, o sol, todo mundo sabe, está se deitando na França. Bastaria ir à França num minuto para assistir ao pôr-do-sol. Infelizmente, a França é longe demais. Mas no teu pequeno planeta, bastava apenas recuar um pouco a cadeira. E contemplavas o crepúsculo todas as vezes que desejavas...

- Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!

E um pouco mais tarde acrescentaste:

- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol...

- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?

Mas o principezinho não respondeu.

 

 

- Há milhões e milhões de anos que as flores fabricam espinhos. Há milhões e milhões de anos que os carneiros as comem, apesar de tudo. E não será sério procurar compreender por que perdem tanto tempo fabricando espinhos inúteis? Não terá importância a guerra dos carneiros e das flores? Não será mais importante que as contas do tal sujeito? E se eu, por minha vez, conheço uma flor única no mundo, que só existe no meu planeta, e que um belo dia um carneirinho pode liquidar num só golpe, sem avaliar o que faz, - isto não tem importância?!

 

 

- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

 

 

 

Textos em itálico : O Principezinho

Reality Show

28
Abr20

 

Pergunto-me que sentido fará em tempos de quarentena um programa de TV, onde todos estão fechados em casa e são filmados vinte e quatro horas por dia? Servirá para fazermos comparações com as nossas casas? Já todos sabemos que a primeira semana é óptima, a segunda aponta ao desequilibro, a terceira começa a ter laivos de loucura, à quarta passamos a deixar de querer saber da nossa fossa mental, à quinta queremos é que se abra o portão da herdade, estamos abertos a usar qualquer tipo de máscara, não importa que tenha florinhas, risquinhas, seja azul, ou branquinha, queremos é ir para a rua. Rua. Rua. Rua. Para além disto tudo, desconfio, que em certas casas haverá muito mais aventura do que naquela preparada de propósito para isso.  Criancinhas a pedir atenção, pais em teletrabalho, pais à procura de soluções para as contas ao final do mês, gente com saudades dos seus mais velhos, gente de idade bem entrada a pensar que é um desperdício estar a gastar o seu precioso e restante tempo fechado em casa. Como diz o outro "isto é gozar com quem trabalha" eu digo - Isto é gozar com quem está em casa. 

 

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