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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

#ExpressionOfHope

29
Dez18

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Quando me diagnosticaram a doença de Pompe, o terreno do meu futuro escureceu temporariamente. Rapidamente aprendi a navegar a vida um dia de cada vez e a ultrapassar os desafios físicos e as incertezas, ao entregar-me plenamente ao presente. De repente, os detalhes supérfluos da vida ou as preocupações ficaram à margem e a minha vida manteve uma certa clareza: do que nada importa mais do que fazer a diferença no mundo.

 

Ilustração e texto Rebecca Brooks

 

 

É a esperança que serve de guia para o Expression of Hope, uma iniciativa que tem o objetivo de sensibilizar para as Doenças Lisossomais de Sobrecarga (DLS). Através da arte, uma linguagem universal que comunica o que por vezes nem as palavras conseguem, o desafio foi lançado e aceite por aqueles que, afetados por estas doenças genéticas raras, criaram uma obra de arte original que reflete como se vive com uma DLS. Com o apoio de Associações de doentes de todo o mundo, esta iniciativa criada em 2006, apresenta agora a sua terceira edição, onde 25 artistas partilham as suas histórias, incertezas, dificuldades e sobretudo a esperança.

 

Em Portugal, Expression of Hope, conta com o apoio da Aliança Portuguesa de Associações de Doenças Raras.

 

Para ver a exposição clique Expression of Hope

 

 

Por cada partilha estará a contribuir com 0,50€ para a Aliança Portuguesa das Doenças Raras. Selecione a sua obra favorita e envie uma mensagem de esperança a quem mais necessita, partilhando-a nas suas redes sociais com #ExpressionOfHope. 

 
logo

 

Chá de fim de ano

29
Dez18

 

 

Ilustração Paul McKnight

 

Tenho cá por casa, em muitos sítios, muitos textos escritos por mim, este que vou deixar aqui hoje já não me lembro de quando o escrevi, também me acontece ficar surpreendida com aquilo que escrevo, não me lembro de ter escrito aquilo, poderia escrever muito mais, mas as ideias fogem-me, esqueço-me delas, são como bolas de sabão, puf, já se foram.

 

Sentem-se confortavelmente e bebam comigo este chá de fim de ano:

 

Qual a diferença entre um beijo de cão e um beijo de gato? Serão os beijos coisas palpáveis em termos de contabilidade emocional? Seremos nós os únicos que nos iludimos com um beijo?

 

Deixei o meu beijo em cima do balcão, ficou ali escondido atrás do copo de água. Quando alguém o bebesse poderia levá-lo e ele voaria acima do mundo. Os beijos são borboletas? Estarão em estado de casulo até se dar a transformação? Existem beijos que são traças e que só saem à noite. Existem também beijos que são bonitas mariposas, de muitas cores. Alguns atravessam rios e oceanos, explodem quando conseguem encontrar parceiro.

 

Os beijos são coisas únicas, tais como impressões digitais. É teu é meu, mas também pode ser nosso. Sai da boca, vem do coração, é um indicador de felicidade? Há beijo morno, beijo quente, beijo frio, sem cor, sem sabor, sem entusiasmo, há beijos trocados, exigidos, dados. Um beijo meu, um beijo teu, um beijo nosso. 

 

💋

 

 

 

 

 

Pedalar no tempo

27
Dez18

 

Ilustração Olga Salamatova

 

Aí, de repente, os meus olhos se abriram, e vi como nunca havia visto. Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passamos. Aquilo que a memória amou fica eterno. Um pôr do sol, uma carta que recebemos de um amigo, os campos de capim-gordura brilhando ao sol nascente, o cheiro do jasmim, um único olhar de uma pessoa amada, a sopa borbulhante sobre o fogão a lenha, as árvores de outono, o banho de cachoeira, mãos que se seguram, o abraço de um filho: houve muitos momentos de tanta beleza em minha vida que eu disse para mim mesmo: "Valeu a pena eu haver vivido a minha vida só para poder ter vivido esse momento. Há momentos efémeros que justificam toda uma vida".

 

Rubem Alves