Abri o portão e entrei sozinha na escola, a manhã ainda estava fresquinha, era fim de Agosto, os pássaros esvoaçavam por ali e a relva estava regada de fresco. Liguei o sistema, piquei o ponto e parto para a desactivação do alarme, coloco a chave na fechadura e entro num outro local, sei que tenho pouco tempo até aquilo começar a apitar, sinto sempre um friozinho entre o entrar no espaço e o carregar na última tecla.
Já tenho os óculos colocados antes de abrir a porta (tenho que os por antes porque não posso perder tempo a colocá-los agora), uso-os para ver ao perto, na parede do meu lado direito tenho uns quadros de cortiça com vários avisos afixados, estico o braço direito para o teclado e roço o braço num dos quadros, pelo canto do olho direito vejo um rabo meio esverdeado e parecem-me ser pintas brancas, tudo isto está a uns dez centímetros da minha cara...um arrepio percorre-me a espinha, não posso fugir, nem gritar para aliviar a tensão, aquela porcaria pode disparar a qualquer momento, uns suores frios enchem-me o cérebro, a mão está a meio caminho de terminar a desactivação. Escolho esticar o dedo e continuar com a operação, finalmente consigo carregar no último dígito e saio dali em passo recuado e rápido.
Sou uma heroína, venci o meu medo, do apito e da osga.