Hoje é dia de greve do pessoal não docente que trabalha nas escolas. Muitas escolas estão fechadas, outras estão a meio gás. A maioria das pessoas que lá trabalham ganham o ordenado mínimo nacional, independentemente de trabalharem há muito ou à pouco na função. A carreira existente é a de assistente operacional, ou vulgarmente chamada de "pau para toda a obra". O protesto dos trabalhadores é um grito mudo. Há muita gente desmotivada, que há muito deixou de acreditar, as pessoas desmotivadas são presas fáceis da precariedade...
Ontem uma mãe disse à porta da escola que nós funcionárias éramos muito espertas, porque tínhamos marcado a greve para a sexta-feira...portanto aquilo que se passa é que os funcionários são muito espertos e querem mais um dia de feriado, que até ganham bem para poderem dispensar um dia de trabalho.
Assim, o que interessa é ter o portão da escola aberto, para que os meninos entrem e por aí fiquem, não interessa em que condições isso se faz. A escola, também, serve muitas vezes de ATL, pois muitos entram várias horas antes de terem aulas, as explicações são muitas: não têm transporte, não têm ninguém em casa, apetece-lhes pelo convívio...
A maioria dos pais não exige saber quantos funcionários tem a escola, não sabe se é ou não cumprido o rácio, essa preocupação apenas existe nas escolas primárias, onde a faixa etária é menor, aqui onde coexistem idades entre os nove anos e os dezoito de idade essa exigência é praticamente inexistente, houve apenas uma exigência de que a escola fosse aberta mais cedo que o horário escolar, para que os meninos não ficassem sozinhos à porta da escola, isso implica que funcionários venham mais cedo, mas que também saiam mais cedo durante o período de aulas.
Quero acrescentar que os meninos com necessidades educativas especiais deixam de ter essas necessidades assim que saem da sala de aula. Depois vem a unidade de multideficiência que é outra vertente por desvendar...
Alice Alfazema