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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

A busca

27
Dez16

 

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Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: “Eu sou um homem sério”! Eu sou um homem sério!”. E isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem, é um cogumelo.

 

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- Os homens do teu planeta – disse o principezinho – cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim… e não encontram o que procuram…

 

– Não encontram. – Respondi –  E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d’água…

 

– É verdade,  –  e o principezinho acrescentou – mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração.

 

 

 

 Texto de  Antoine de Saint-Exupéry, in o Principezinho 

 

 

Alice Alfazema

Vidas

26
Dez16


lustração  Hülya Özdemir

 

Ontem foi dia de Natal, hoje é dia de restos, restos de cansaço, de azias, de lembranças, de comidas...hoje vi a notícia da morte de George Michael, um cantor cujas músicas fizeram parte da minha juventude. Cinquenta e três anos. Foi-se. O que mais temos de certo na vida é a morte, entretanto reagíamos quase sempre com surpresa à notícia da morte de alguém. Quando esse alguém nos é conhecido e fez parte do nosso percurso de vida faz-nos lembrar que um dia seremos nós e de como este mundo é efémero. Muitas vezes esse pensamento não dura mais que um dia. No entanto se tivéssemos sempre presente a figura da morte viveríamos mais a vida. Não deixaríamos vontades de lado, nem abraços por dar, pensaríamos mais em emoções e menos em símbolos. 

 

Há vidas que são curtas mas cheias e há vidas longas mas vazias de conteúdo. Há quem pense na vida quando ela está no fim, há quem não pense nela, há quem viva a vida dia-a-dia, há quem viva a longo prazo, há quem viva descontente, há quem queira outra vida, há quem seja obrigado a viver e há quem não queira viver.

 

Viver é estar dentro do mundo como quem faz parte de uma equipa, tens de gostar da tua equipa, tens de sentir o sentido da vida, tens de reconhecer o teu avesso, tens de ter plena consciência de que a morte faz parte da vida.  

 

 

Alice Alfazema

Desejo-vos um Feliz Natal e que tenham uma boa colheita!

24
Dez16

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Vim desejar-vos um Feliz Natal, a todos os que passam por aqui diariamente, àqueles que vêm cá parar por acaso, aos que estão sozinhos e àqueles que ficam a trabalhar na noite da consoada e também a todos os outros que contribuíram para que a nossa/vossa mesa esteja repleta de coisas boas, desde o pão à couve, ao bacalhau e ao vinho, a nossa/vossa mesa é uma mistura de todos nós humanos, nela temos o labor de muita gente. Quando erguerem o copo de vinho vejam o Sol que dourou as uvas e sintam a brisa que abanou e viu crescer  os cereais do vosso pão. O Natal é essencialmente isso festejar o nascimento seja daquilo que for, de um fruto, de um vinho, de uma reunião familiar, de uma reflexão, de uma partilha, de uma reconciliação. Enfim, Natal é vida, ciclo de vida, é o reconhecimento das estações do ano e o fim da aventura da labuta. No Natal pensamos fortemente naqueles que se foram, ficamos tristes, saudosos, mas renascemos naqueles que chegaram. A colheita disso depende daquilo que fizemos ao longo do ano, se este ano está sozinho a colheita foi má, há que melhorar! Não quer dizer que seja uma coisa estática é apenas um processo, depende de nós plantarmos para colher. 

 

Feliz Natal!

 

 

Alice Alfazema