Nevoentas
Leve som das águas lentas,
Gulosas da margem ida,
Que lembranças sonolentas
De esperanças nevoentas!
Que sonhos o sonho e a vida!
Fernando Pessoa, 1931.
Alice Alfazema
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Leve som das águas lentas,
Gulosas da margem ida,
Que lembranças sonolentas
De esperanças nevoentas!
Que sonhos o sonho e a vida!
Fernando Pessoa, 1931.
Alice Alfazema
Ilustração Mark Smith
Encontrei este texto escrito pelo meu filho, estava guardado numa gaveta, quem o guardou já cá não está. E quem o escreveu não se lembra de quando o fez. É um pedaço de papel escrevinhado a lápis de carvão. Momentos. Silêncios. Risos. Ternuras. Lembranças.
Surge por entre um trilho musical, composto por colcheias, seminimas e pausas, um individuo, o qual considero um amigo e um exemplo, um ídolo. Destaca-se por entre a multidão monótono e triste, como se de um inverno se tratasse, onde as pessoas são folhas inexistentes e a atmosfera rodeante, a árvore quase morta da tristeza.
Destacava-se pela simples razão de possuir a música nas suas mãos, a música na sua cabeça, a música no seu corpo. Resumidamente, a alegria. Se o pudesse descrever, diria que os cabelos são flautas transversais, e os olhos como fossem maracas.
Incompleto o pensamento, um fragmento num pedaço de papel rasgado. Nada é completo, nem quando queremos, nem quando podemos. Somos um ponto frágil no universo. Às vezes música, às vezes brilho, por vezes silêncio, por vezes nada.
Alice Alfazema
Ilustração Marina Terauds
Alice Alfazema
Somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto não é um acto, mas um hábito.
Aristóteles
Alice Alfazema