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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

1 de Maio de 2015

01
Mai15

Hoje apetece-me flores:

Flores pelos que já foram, flores para mim, flores para quem quiser.

As flores que falam sem palavras, para quem as letras nada dizem.

Onde os amores estão perfeitos, mudos e cheios de cor.

É o Maio que entra em tons cativantes, no céu as nuvens pintadas a carvão, nas ruas os ramos das árvores balançam, agitando o verde novinho das folhas.

Colhi estas flores por aí, neste mundo virtual, tal como quem colhe nos muros dos outros que ficam perto da nossa rua, ficarão aqui até que murchem. 

 

Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

 

 

Alberto Caeiro 

 

 

Alice Alfazema

 

 

 

 

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