Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

A ginjeira

17
Jan13

 

A minha avó tinha uma ginjeira no quintal. A árvore dava fruto e segurava um estendal de roupa. A roupa baloiçava ao vento, elevada por um pau grande que se inclinava contra o vento, fazendo quase uma vela, como se fosse um veleiro que espera o vento para com ele navegar. E eu subia à árvore para avistar a cidade, o rio, as traineiras e o mar. O vento soprava-me na cara e elevava-me os cabelos. Se eu abrisse os braços poderia imaginar que voava. Se eu me levantasse com os braços abertos era quase, quase, um pássaro. Se eu fechasse os olhos era um voo pela cidade, pelo rio e pelas traineiras acompanhando-as até ao mar. Aí na barra o vento era demasiado forte e eu tinha de abrir os olhos.

 

 

Alice Alfazema

Viagem

15
Jan13

 

Fotografia de João Carvalho

 

Quando me sento aqui em frente ao computador, sento-me para viajar, para visitar casas em que nem preciso de ser convidada para lá entrar.  Vou e viajo através das palavras dos outros. E há palavras em que vale a pena viajar. E quando essa viajem pára e de lá só sai o eco, fica a recordação de todas as viagens, de todas as palavras, de todos os textos, de todos os risos que imaginámos... 

 

 

 

 

Alice Alfazema