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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Pai natal amarelo

29
Abr12

 

 

Quase todos os dias passo por uma casa onde moram uns chineses, quando por lá passo há sempre alguém que, ou está a regar as plantas, ou à janela, ou simplesmente a espreitar. Dá-me a sensação que será a avó lá da casa. Magrinha. Sempre com um sorriso na cara, daqueles sorrisos que contagiam. Uma figura impar. Pelo menos por estas bandas.

 

A senhora tem a particularidade de andar sempre com um barrete de pai natal, amarelo clarinho, por vezes também tem uma capa amarela. Olho para a janela, lá está o pai natal amarelo, sempre sorridente. Alguém está a regar o quintal, lá está o pai natal amarelo, sempre sorridente. Atrás da arvore está alguém, quem será? O pai natal amarelo, sempre sorridente.

 

No outro dia, quando por lá passei, estava o casal que, presumo devem ser os donos da casa, portanto será a filha ou o filho do pai natal amarelo. E lá no quintal continuava o pai natal amarelo, ninguém se parecia importar com aquela figura e, a senhora continuava feliz, vestida de pai natal amarelo. Por cá, neste nosso país, a velhice é tratada como uma doença, medicada como tal, noutras culturas, a velhice é simplesmente isso - velhice. Tal como a infância a velhice é uma fase a ser vivida sem preconceito. 

 

 

 

Alice Alfazema

Antropologia económica em Portugal

28
Abr12
 
 
 

 
“Descobrimos, sem surpresa, que Mello e Champallimaud são a mesma família, que também se cruzam com os Espírito Santo, com os Pinto Basto, com os Ulrich. As famílias da burguesia portuguesa são quase todas a mesma família”.
 
“É uma oligarquia financeira fortíssima, protegida pelo Estado, apoiada pelo Estado, financiada pelo Estado, vivendo de rendas do Estado, uma grande família que tem dominado Portugal ao longo de 100 anos”.
 

 
“O privilégio conduz-nos à crise, porque significa uma economia sem ambição, uma economia sem projecto, sem desenvolvimento”.
 
“Uma família de famílias, praticamente todos cruzados por casamentos ou alianças, ao longo de 100 anos, foram os donos do país e voltaram a ser os donos do país agora”.
 

 
in, Os donos de Portugal
 

 
Quando alguém nos aperta o pescoço deixamos de poder respirar, quando alguém monopoliza a economia deixamos de ter oportunidades, quando nos resignamos deixamos de ser e passamos a vegetar. 
 

 
Ø
 
 
 
 
 

 
Alice Alfazema

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