Como é que não há tempo para um filho?
Hoje, lembrei-me do cuidado em que a minha mãe punha, ao fazer-me o lanche, para eu levar para a escola; o guardanapo de pano, sempre limpo e passadinho a ferro, a fruta já lavada – “comeste o lanche?” – “não podes sair de casa sem comeres o pequeno almoço, a saúde é muito importante!”
Hoje, lembro-me dos meninos e meninas que, saem de casa sem comer, e que, ninguém lhes pergunta – “já comeste? -, em que o seu pequeno almoço é tomado duas a três horas depois de acordarem; muitas vezes resumindo-se a gomas e chocolates, outras, a merendinhas de massa folhada com sumo que, mais não é do que água colorida.
Pergunto-me que, exemplo de figura são estes pais? Onde estão dadas as orientações? Tempo, não há tempo…é a desculpa mais utilizada, para isto e, para outras situações…Como é que não há tempo para um filho? Como é que não há tempo para o diálogo? Como é que não há bons exemplos? Qualquer animal, por mais irracional que seja, o maior legado que deixa à sua prole são os exemplos, são “como se faz”,”quando se faz”, porque se faz”, então, o homem, o ser mais racional, não tem essa capacidade básica de vida?
Dou por mim a pensar que, alguns filhos são como nenucos, que ficam pousados, nas prateleiras, para serem exibidos quando tal for necessário…
Não dar exemplos de vida é deixar os filhos à mercê das marés que os possam apanhar; é deixá-los à deriva, sem deixar crescer a sua maturidade; é – não amá-los.
Alice Alfazema