Pintura de Francisco Goitia
Há, para o pobre, algo pior que a pobreza: é a solidão.
O seu estado de miséria cria à sua volta o vazio. Tem a impressão de ser abandonado no preciso momento em que não consegue bastar-se a si próprio.
Tem, sem dúvida, os «susídios», aqueles que se solicitam em fórmulas impressas, em frente de funcionários indiferentes.
Por muito grandes que possam ser, só conseguirão adiar a queda. Mais do que a esmola, o pobre tem necessidade de conforto, compreensão e amizade. E depois, há misérias que o dinheiro não pode solucionar e que não podem remediar ocupando um lugar na fila de um guiché. Basta que cada um remexa na sua própria memória ou no próprio coração para saber que não são estas as menos dolorosas.
Ora se a pobreza é uma infelicidade, muitas vezes imerecida, não deve ser nunca uma ruína.
Raoul Follereau
Alice Alfazema