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Num caminho difícil, de pedras e muita areia,
Sob um sol escaldante,
Seis cavalos puxavam uma carruagem.
Mulheres , um padre, velhos, todos desceram;
Os animais suavam, sofriam, não aguentavam mais.
Uma mosca apareceu e aproximou-se dos cavalos,
Tentando, com o seu zumbido,
Animar os tão sofridos.
Morde um , morde outro e voa sem parar
Certa de que fará a máquina funcionar.
Senta-se nas rédeas e no nariz do cocheiro.
Enquanto o carro vai rodando,
Vê as pessoas caminhar,
E acha que o mérito é dela.
Vai e vem, põe mãos à obra: mais parece
Um sargento a fiscalizar a manobra.
Precisa de fazer avançar a tropa
E alcançar a vitória.
A mosca, a certa altura, pôs-se a reclamar
De que só ela tinha de trabalhar,
Que ninguém a ajudava
A tirar os cavalos de dificuldades.
O padre lia no seu livro:
Que perda de tempo! Uma mulher cantava:
Não era dessa música que ela precisava!
Então, resolve cantar-lhe ao ouvido
E cria a maior confusão.
Depois de muito trabalho,
A carruagem chega ao destino.
- Vamos respirar - disse a mosca aliviada. -
Eu fiz tanto para que chegassem à planície,
Que agora, senhores, quero o meu salário.
Jean de La Fontaine
De quem é o mérito?
Alice Alfazema