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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

A pedra e o caminho

28
Abr10

Era uma vez uma bela e grande pedra que a água molhava durante largo tempo do ano. Depois de a água desaparecer, a pedra ficou a descoberto num lugar bastante alto, precisamente onde acabava um bosquezito cheio de sombra. Dali, ela dominava o caminho pedregoso que corria mais abaixo. Faziam-lhe companhia algumas frescas e aromáticas ervinhas salpicadas de flores.

Um dia, ao olhar para o caminho sobre o qual, para o tornar mais sólido, tinham atirado calhaus, vieram-lhe desejos de se deixar cair em cima deles.

Assim pensando, a pedra mexeu-se e, rolando pela encosta abaixo, terminou a sua rápida corrida precisamente no meio dos calhaus cuja companhia tanto desejava.

Pelo caminho passava tudo: carros com rodas de ferro, cavalos ferrados, camponeses de botas cardadas, rebanhos, etc. Depressa a bela pedra ficou em apuros: um, golpeava-a, outro pisava-a, outro arrancava-lhe um pedacinho; às vezes, ficava suja de barro, outras emporcalhada pelo esterco dos animais.

Olhando para cima, para o sítio donde tinha vindo, a pedra suspirava, chorando por ter perdido aquela solidão e desejando, mas em vão, a paz tranquila de que, então, gozava.

 

in, Fábulas, Leonardo Da Vinci

25 de Abril

25
Abr10

Justiça

 

 

O primeiro tema da reflexão Grega é a justiça

E eu penso nesse instante em que ficaste exposta

Estavas grávida porém não recuaste

Porque a tua lição é esta: fazer frente

 

Pois não deste homem por ti

E não ficaste em casa a cozinhar intrigas

Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres

Nem usaste de manobra ou de calúnia

E não serviste apenas para chorar os mortos

 

Tinha chegado o tempo

Em que era preciso que alguém não recuasse

E a terra bebeu um sangue duas vezes puro

 

Porque eras mulher e não somente fêmea

Eras a inocência frontal que não recua

Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste

E a busca da justiça continua

 

Sopfia de Mello Breyner Andresen, “Catarina Eufémia” 



Alice Alfazema

Perguntei...

16
Abr10

 

 

 

 

Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

 

 

William Shakespeare

 

 

 

 

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