O tempo não é recuperável; e o espaço tão-pouco. Quando passamos por um lugar, esse sítio já não volta a ser o mesmo. Cada momento morre em si mesmo, desaparece o momento e o seu espaço.
O fluir não deixa nada atrás. Só ficam fitas magnéticas acumuladas no nosso cérebro que, ao pôr-se em marcha, umas motivam que surjam as outras, bombardeando-nos com milhões de impressões. Numa fita estão gravadas as sensações, noutra as emoções, noutra os espaços, noutra os tempos… As memórias são como um rio parado, convertido em gelo, e, portanto, escorregadias.
Há uma inquietude que me acompanha desde sempre: a luta entre o que flui e o que permanece; como nos pesa o que levamos sob o braço, e sob o coração – queiramos ou não –, no nosso projecto de futuro.
Alice Alfazema