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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

A porta mágica

01
Jul14

 

 

Coisas que estou a ler que sublinhei a lápis para poder encontrar um dia mais tarde...

 

Para nos integramos no nosso Self cosmológico precisamos primeiro de transformar a nossa própria noção do tempo, sentir o "tempo glacial" a passar pelas nossas vidas, a energia das estrelas a fluir nas nossas veias, perceber os rios dos nossos pensamentos a desaguar num fluxo contínuo nos oceanos ilimitados da matéria viva multiforme. Em termos objectivos e pessoais, viver no tempo glacial significa estabelecer parâmetros das nossas vidas a partir da vida de nossos filhos, e dos filhos dos filhos de nossos filhos. Portanto, administrarmos as nossas vidas e as instituições em função deles e de nós próprios, não é um culto à Nova Era, mas sim uma velha e conhecida forma de tratar dos nossos descendentes, feitos da nossa própria carne e sangue.

 

 

in, O Poder da Identidade, Manuel Castells, 2007:221

 

Alice Alfazema

A realidade prática da dependência

28
Jun14

 

Pintura Julio Romero de Torres

 

"A noção de dependência costumava ser aplicada apenas aos casos de alcoolismo e de consumo de drogas. Mas agora qualquer domínio de actividade pode ser invadido por esta praga. Pode-se ser viciado, logo dependente, do trabalho, do exercício, da comida, do sexo, do amor. E isso acontece porque estas actividades,  e também outros domínios da vida, são agora muito menos estruturados pela tradição e pelo costume do que eram em épocas anteriores. 

 

Tal como a tradição, a dependência significa que o passado está a influenciar o presente; e, como sucede com a tradição, a repetição tem um papel fundamental. O passado em questão é mais individual do que colectivo, a repetição é motivada pela angústia. Eu diria que a dependência é o congelamento da autonomia. Qualquer contexto de rejeição das tradições torna possível um grau de liberdade superior à que existia antes. Estamos a falar da emancipação dos homens em relação aos constrangimentos do passado. A dependência aparece quando a escolha que devia ser provocada pela autonomia, é subvertida pela angústia. Na tradição, o passado determina o presente através da partilha de sentimentos e crenças colectivas. A dependência também é serva do passado, mas só na medida em que não consegue romper com hábitos de vida que começaram por ser escolhidos livremente."

 

in, O mundo na era da globalização, Anthony Giddens 

 

 

Alice Alfazema