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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Três cabeças

28
Dez22

três cabeças.jpg 

Fotografia Renatas Jakaitis 

Resumindo, Alexandra Reis recebeu meio milhão de euros de indemnização ao ser "despedida" da TAP (empresa intervencionada monetariamente com alguns milhões pelo Estado português, vulgo contribuintes), parece que a  senhora engenheira ajudou a reestruturar a empresa, despedindo largas dezenas de trabalhadores, reduzindo salários, conduzindo os montantes a receber pelos trabalhadores...enfim, despachou-se rápido no seu trabalho e saiu mais cedo, foi pregar para outra freguesia.

Talvez seja escandaloso, mas parece que é prática habitual gestores e administradores (público/privado) de reestruturação de empresas (forma fina e elegante de dizer: despedimentos colectivos de trabalhadores), receberem ordenados chorudos por essa tarefa fundamental, e depois de a concretizarem em tempo recorde recebem ainda indemnização fabulástica, feitas as contas verifica-se que a empresa pouco dividiu pelos trabalhadores ( Trabalhadores: são seres que contribuíram ao longo do tempo - muitas vezes dezenas de anos - com a sua força de trabalho para a manutenção da empresa), deixou-se de ter encargos e chatices, o que se poupou deu e sobrou para o ordenado das criaturas e indemnização incluída.

Sempre tive a sensação que o despedimento era sinónimo de insucesso, mas parece-me que no caso de gestores/administradores/directores, o despedimento é considerado um caso de sucesso. Fico ainda a matutar se no currículo dessas pessoas consta a quantidade de vezes em que são despedidos (?), e se isso é um bom ou mau indicador para um futuro empregador(?), vistas as coisas, de uma maneira rápida, a indemnização é assim a modos como um prémio de produção. Finalmente: um olho no ordenado outro na indemnização. Bem bom, falta de vergonha na cara: nenhuma.

alexandra a voar.jpg 

Ilustração António Gaspar