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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Diário dos meus pensamentos (5)

Coronamanta

24
Mar20

coronamanta.jpg

 

Iniciei hoje um novo projecto - uma coronamanta - tenho muitos restos de lãs, de coisas que já fiz, de outras que não acabei, e ainda das que não cheguei a começar, decidi juntá-las, será larga, de maneira que chegue para duas pessoas, para lembrar que há sempre lugar para o outro, não vai ter padrão definido, isto quer dizer, que será conforme me apeteça, vou assim juntando as cores e os mais diversos fios, como quem junta pedaços de vida, será um álbum de pontos diversos, tal como os dias e as horas que estamos a viver. Quero que me alegre ao olhá-la completa e que me aqueça depois disto passar.

 

Quem quer começar a sua?

 

 

Cinquentas - Eu

31
Jul19

cinquentas.jpg

 

Ilustração  Francesca Escobar

 

Cinquenta são: 5x10. São cinco anos em cada dedo das mãos. Cinquenta Verões, cinquenta Invernos. Cinquenta brindes.

 

A Isabel, lançou o desafio de falar do que é ter cinquenta anos, e eis-me aqui reflectindo sobre o assunto.

O que senti ao fazer cinquenta anos de vida? Senti que tinha ultrapassado uma meta, ao mesmo tempo um alívio mental de me livrar de bloqueios que a sociedade nos impõe. Mesmo que o corpo fraqueje eu não me importo, estou a aprender a viver com calma, a me dar mais espaço e a mimar-me. Olho o tempo de uma outra forma, é um tempo de como quem anda numa montanha-russa, uma descida vertiginosa, da qual não podes fugir, que te arrepia e te mete medo, mas que logo passa, e até é divertido lidarmos com as situações das quais ouvíamos as "pessoas de idade" falar quando éramos jovens. São as dores, os olhos que falham, os ouvidos, os cabelos crespos, as rugas e a secura, dizem que tudo fica seco. É mentira. Talvez isso aconteça a quem não alimente a mente. É um outro tempo, com outro conhecimento. 

 

Não me afectam as rugas nem os cabelos brancos, pinto o cabelo até me apetecer, quanto às rugas: basta-me a pele macia e cheirar bem. Não dispenso um perfume que me abraça e que vai até aos outros. 

 

Passar esta meta indica que estamos na recta final do nosso caminho, importa pois, não desperdiçar e arriscar, "fazer o que ainda não foi feito", é viver mais com menos tempo, é descascarmo-nos a cada dia, deixar para trás a vergonha, o medo, é apanhar outra vez aquela sensação do que é ser criança, mas com a experiência que a vida nos deu. É bom!

 

 

Cavalinho

27
Mai10

Uma tarde, um homem saiu para um passeio com as duas filhas, uma de oito e a outra de quatro anos. Em determinado momento da caminhada, a mais nova pediu ao pai que a levasse ao colo pois estava muito cansada para continuar a andar. O pai respondeu que também se sentia exausto. Diante da resposta, a menina começou a choramingar e a fazer corpo mole.

Sem dizer palavra, o pai limitou-se a cortar um galho comprido de uma árvore. Depois, deu-o à filha, dizende-lhe:

- Olha aqui um cavalinho para montares, filha! Ele vai ajudar-te a seguir em frente.

A menina parou de chorar e pôs-se a cavalgar no galho, tão depressa que chegou a casa antes do pai e da irmã. Ficou tão encantada com o seu cavalinho de pau que foi difícil fazer com que parasse de galopar.

A irmã mas velha ficou intrigada com o que viu e perguntou ao pai como entender a atitude da irmã.

O pai sorriu e respondeu:´

- A vida é assim, minha filha. Às vezes, estamos física e mentalmente cansados, certos de que é impossível continuar. Mas então encontramos um «cavalinho» qualquer que nos dá ânimo outra vez.

 

Esse cavalinho pode ser um novo desafio, uma nova oportunidade de trabalho...O importante é nunca nos deixarmos levar pela preguiça ou pelo desânimo.

 

A. Rangel