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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

A realidade prática da dependência

28
Jun14

 

Pintura Julio Romero de Torres

 

"A noção de dependência costumava ser aplicada apenas aos casos de alcoolismo e de consumo de drogas. Mas agora qualquer domínio de actividade pode ser invadido por esta praga. Pode-se ser viciado, logo dependente, do trabalho, do exercício, da comida, do sexo, do amor. E isso acontece porque estas actividades,  e também outros domínios da vida, são agora muito menos estruturados pela tradição e pelo costume do que eram em épocas anteriores. 

 

Tal como a tradição, a dependência significa que o passado está a influenciar o presente; e, como sucede com a tradição, a repetição tem um papel fundamental. O passado em questão é mais individual do que colectivo, a repetição é motivada pela angústia. Eu diria que a dependência é o congelamento da autonomia. Qualquer contexto de rejeição das tradições torna possível um grau de liberdade superior à que existia antes. Estamos a falar da emancipação dos homens em relação aos constrangimentos do passado. A dependência aparece quando a escolha que devia ser provocada pela autonomia, é subvertida pela angústia. Na tradição, o passado determina o presente através da partilha de sentimentos e crenças colectivas. A dependência também é serva do passado, mas só na medida em que não consegue romper com hábitos de vida que começaram por ser escolhidos livremente."

 

in, O mundo na era da globalização, Anthony Giddens 

 

 

Alice Alfazema