Açoteias
21
Nov12
Abro a janela sobre as açoteias.
A luz é uma indolência universal, despida.
Nos tépidos lençóis de cal varrida
Acordam estremunhadas
Do mesmo sono
Sombras pacificadas
No total abandono
Que volúpia pedia.
Minaretes alados
De fantasia,
Desabrocham no ócio dos telhados.
Na praia movediça
Onde o dia tem pressa
E a vida tem preguiça.
Miguel Torga
Alice Alfazema