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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

O poder da felicidade vem das coisas sem poder?

28
Fev14

 

Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.

 

Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.

 

Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta pagina, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não é assim que é a vida?

 

Paulo Leminski

 

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Alice Alfazema

Na pele e no pêlo

25
Fev14

Ilustração Migle Kosinskaite

 

Se tivéssemos este tipo de roupa eu não teria acabado de passar a ferro um montão de roupa. Teria mais tempo para me dedicar ao blogue...e gastaria menos dinheiro em electricidade. Não teria de me preocupar em lavar, estender e recolher roupa. Nem se faria sol para enxugá-la ou ter de apanhá-la da corda porque está a chover. Teria, talvez, de comprar mais amaciador e uma escova grande. 

 

Alice Alfazema

O que vejo da minha janela?

24
Fev14

 

Da minha janela vejo dois cães, um maior que o outro, um mais velho que o outro. O maior é o mais novo, o mais pequeno é o mais velho. Os dois vivem numa casa amarela, com um quintal. O cão mais velho e mais pequeno pula o muro da casa com frequência, tem uma técnica impressionante. O outro fica lá dentro, no quintal, nem se atreve a experimentar pular o muro. O pulador vem para a estrada dar uma voltinha, esticar as pernas. Não anda mais de dez metros, para a esquerda, para a direita. Volta e meia vai cheirar o nariz do outro, que o olha através das grades do portão. O pequeno dá mais uma voltinha e regressa a casa, dá um pulo espectacular e fica em cima do pilar que o leva de volta ao quintal...

 

Alice Alfazema

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