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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Exercício para o corpo para a mente e para a alma

22
Mar13

 

 

 

Meu Deus! Como é engraçado.
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço.
Uma fita dando voltas. Enrosca-se, mas não embola.
Vira, revira, circula e pronto, está dado o laço.
É assim que é o abraço (...)
Ah, então é assim o amor, a amizade, tudo que é sentimento.
Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, 
mas não pode se desfazer a qualquer hora, 
deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga então se diz: romperam-se os laços.
Então o amor, a amizade são isso.
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço.


Mário Quintana

 

1, 2, 3...4, insiste, 1, 2, 3...4, mais uma vez, 1, 2, 3...4...uffffffa...

 

Bom fim de semana. :)

 




Alice Alfazema

Entre a poesia e a floresta e talvez a primavera

21
Mar13

 

Hoje comemora-se o dia da floresta e o dia da poesia, e parece-me que quando eu era criança se comemorava a primavera... 

 

( Pego neste pedaço de planeta - aqui talvez desde o princípio do mundo.)


Chamo-lhe pedra

e apalpo-a

para ter a certeza de que existo

- ouvir nos dedos o coração do frio.


Pedra.


E porque não pierre?

Talvez mais exacta, 

mais aquém de ser nuvem.


Pierre


Ou stone (palavra com menos pele).

E porque não sten? ( do país da neve rangida).

Ou pierra 

Ou outra palavra qualquer inventada.


Stona

Pierta

Strena

Pirra


Voz triturada,

rasgar de dentes,

guincho da primeira boca,

cabeça de saúrio esmagada,

som de tambor forrado de pele humana

tocado a pontapé,

imagem arremessada dos olhos do Sol,

lágrima dura, 

soco de mãos sem dedos,

vento sólido,

caveira com ideias nos olhos,

bicho imperfeito

pedra, em suma,

embora a palavra pedra me pareça um som demasiado voado,

com leveza de asas,

às vezes até me soa a bruma.


Mas habituei-me a dizê-la

como quem vê de longe

a morte ainda embalsamada viva

de uma estrela.



José Gomes Ferreira, Poesia VI




Alice Alfazema